terça-feira, 14 de abril de 2009

Cidade da Inglaterra cria sua própria moeda

Em tempos de crise, uma pequena cidade ao sul de Londres criou uma solução para ter dinheiro extra circulando no comércio.



Uma cidade medieval, um dinheiro novinho em folha. Como nos velhos tempos. É a libra de Lewes, relançada depois de dois séculos.

Antigamente, quando a Grã-Bretanha não tinha a moeda única chamada de libra esterlina, esse era o dinheiro da cidadezinha que fica 160 quilômetros ao sul de Londres. Em tempos de turbulência na economia do planeta, a prefeitura decidiu relançar a moeda.

O Lewes Pound não é um dinheiro alternativo feito para substituir a libra esterlina, não. É um complemento. Uma moeda a mais, que serve para estimular o comércio local, sem depender do crédito de bancos e nem do governo. É um dinheiro que está imune à crise econômica mundial porque só circula lá, dentro do município de Lewes. É aceito em mais de 50% do comércio, onde tem o adesivo indicativo, é entrar e gastar.

A dona de uma loja conta que 50% das vendas já são negociadas em Lewes Pound.

“É moeda forte”, ela comemora.

A prefeitura controla a emissão do dinheiro, para incentivar a economia do município, sem estimular a inflação.

“A princípio, tem o mesmo valor da libra, mas em dias de turbulência nos mercados, o Lews Pound vale até 10% a mais”, explica o prefeito.

O criador da nova moeda já visitou o Brasil várias vezes. Para Oliver Duduck, a idéia pode ser adotada por qualquer cidade interessada em driblar as interferências da crise econômica mundial.

“It's a perfect idea. Lewes Pound é muito legal”, comenta ele.

A surpreendente economia das 'palmas'



Fonte: Globo.com

Comunidades driblam a falta de dinheiro com criatividade



Fonte: Globo.com

41 moedas circulam no Brasil

Com o apoio do governo, comunidades pobres já criaram 40 moedas alternativas ao real. O objetivo é fortalecer a economia local. Isso não aumenta a inflação?

Mariana Sanches Com Inácio Aguiar, de Maracanaú, Ceará

LUCRO
O comerciante Francisco Aguiar, em seu mercado, em Maracanaú, Ceará. Ele dá desconto para quem usa maracanãs.

O Brasil tem uma bandeira, um presidente, um brasão, um hino e... 41 moedas em circulação. Além do real, os moradores de São João do Arraial, Piauí, podem fazer compras e receber parte do salário em notas de cocal. Em Alcântara, Maranhão, é possível usar o guará. Em Cariacica, Espírito Santo, o comércio aceita o girassol. Em Dourados, Mato Grosso do Sul, dá para fazer pequenos negócios com o pirapirê. Cocal, guará, girassol e pirapirê são algumas das moedas emitidas pelos 40 bancos comunitários do país. Cada uma delas circula em um município pequeno, de até 50 mil habitantes, ou em um bairro afastado e pobre. Essas notas só são válidas na região de atuação de cada banco comunitário. A cotação oficial é idêntica à da moeda nacional: 1 guará vale R$ 1.

A Rede de Bancos Comunitários, uma espécie de Febraban dessas mini-instituições, calcula que estejam circulando o equivalente a R$ 80 mil em moedas alternativas, em oito Estados brasileiros, uma quantidade ainda pequena. Mas, de acordo com o governo federal, a circulação dessas moedas deverá quadruplicar até 2010. Pelos planos oficiais, elas estarão presentes em todos os Estados.

Na teoria, as moedas paralelas servem para fortalecer a economia da área onde circulam. Como elas só podem ser usadas no próprio bairro, ajudam a movimentar o comércio e a gerar empregos nos locais onde são usadas. Há outra vantagem: os comerciantes dão descontos de 2% a 10% no preço das mercadorias para quem usa o dinheiro alternativo. Para o comerciante, é um meio de evitar que o cliente troque a moeda diferenciada por real e gaste em outras regiões.

Outro benefício é que, em moedas alternativas, os bancos comunitários fazem empréstimos de até R$ 800 sem juros. Para obtê-lo, basta ser morador do local, apresentar um plano para aplicação dos recursos e ter o aval da vizinhança: moradores são chamados a dizer se o tomador costuma ter conduta honesta. Não há consulta ao Serviço de Proteção do Crédito (SPC). Mesmo assim, segundo as instituições, a taxa de inadimplência em bancos comunitários, que também fazem empréstimos em real, não passa de 2%. No mercado financeiro convencional, ela é quatro vezes maior, de 8,1%.

A ideia de criar moedas alternativas surgiu há nove anos entre os moradores da Favela Conjunto Palmeiras, em Fortaleza. Foi quando eles perceberam que o microcrédito oferecido pelo banco comunitário local, criado dois anos antes, não era suficiente para fortalecer a economia da favela. Na época, seus 20 mil habitantes consumiam R$ 2,4 milhões por mês, em valores atualizados, segundo uma pesquisa feita pela associação de moradores. Mas quase tudo era gasto em lojas do centro da cidade. “A gente reproduzia o sistema colonial: a periferia mandava para o centro as riquezas em troca de alimentos e de produtos não duráveis”, diz Joaquim de Melo Neto, fundador e gerente do Banco Palmas. A moeda própria, palmas, foi criada para resolver esse problema.

De acordo com o administrador Jeová Torres, professor da Universidade Federal do Ceará, a moeda e o Banco Palmas turbinaram o PIB da favela. “Quando as pessoas recebem o palmas, gastam no próprio bairro. O dinheiro fica ali por mais tempo do que se as pessoas recebessem em real”, diz. Em 2008, Torres fez uma pesquisa sobre o impacto do banco na comunidade. Segundo o estudo, 25% das pessoas afirmam que sua renda aumentou, e 20% dizem ter conseguido trabalho depois da criação do banco. Um exemplo é o cabeleireiro Nazareno Constantino, que modernizou seu salão depois de obter empréstimo do Banco Palmas. “Eu não tinha negócio formal antes porque não conseguia empréstimo em lugar nenhum”, diz.

O governo Lula tenta há seis anos reproduzir a experiência em outras áreas. “Ajudamos mais de 30 bancos e vamos criar outros 150 com moedas próprias até 2010”, diz o economista Paul Singer, da Secretaria Nacional de Economia Solidária, subordinada ao Ministério do Trabalho. Uma das iniciativas estimuladas pelo governo é do Banco Paju, em Maracanaú, Ceará. Lá, as notas de maracanãs começam a ganhar força. Estima-se que 3.300 pessoas já usem a moeda. “Dou 10% de desconto para quem usa maracanã. Recebo 300 maracanãs por mês”, diz Francisco Aguiar, dono de um mercado na região.

Outro entusiasta da ideia é o Banco do Brasil. “Desde 2005, emprestamos R$ 3,4 milhões aos bancos comunitários”, diz Robson Rocha, diretor de Menor Renda do BB. “É um investimento seguro. O banco comunitário sabe melhor que qualquer agência para quem deve emprestar. Os funcionários moram no lugar e conhecem a comunidade.” Apesar da crise, a procura por empréstimos comunitários cresceu 8% desde setembro, segundo os próprios bancos. Eles têm hoje em caixa R$ 1,5 milhão para empréstimos.

A experiência brasileira não é única. Há moedas sociais mesmo entre países desenvolvidos, como Canadá e Estados Unidos. E os brasileiros já fazem escola. Em 2006, a Venezuela enviou seu ministro de Economia Solidária para conhecer o Banco Palmas. “Baseados em nossa ideia, os venezuelanos criaram 3.600 bancos comunitários e 300 moedas”, diz Singer. No ano passado, o economista Muhammad Yunus, prêmio Nobel da Paz pela mais bem-sucedida experiência do mundo de microcrédito (o Banco Grameen, de Bangladesh), mostrou entusiasmo com a iniciativa depois de uma reunião em Brasília com Melo Neto, do Banco Palmas.

Apesar do entusiasmo do Ministério do Trabalho, do Banco do Brasil e de Yunus, os bancos comunitários não são consenso no governo. “Estamos estudando quais serão os efeitos desses bancos para a economia nacional e como regulamentá-los”, diz Marusa Vasconcelos, subprocuradora-geral do Banco Central. A Caixa Econômica Federal e o Ministério da Fazenda também são reticentes em relação à experiência. Apesar de acompanhadas pelo Ministério do Trabalho, as emissões das moedas não são controladas por nenhum órgão oficial.

Um dos temores é que um crescimento acentuado de moedas alternativas possa desorganizar o sistema financeiro e provocar inflação. Foi o que aconteceu na Argentina, no começo da década, quando a crise econômica levou à desvalorização da moeda nacional, o peso. Diante da escassez do peso, as moedas paralelas ganharam força. Mais de 2 milhões de argentinos chegaram a usá-las, número muito superior aos 120 mil brasileiros que já adotaram as cédulas locais. As falsificações começaram a acontecer. Com mais notas no mercado, a inflação explodiu. “Malandros existem em todo lugar”, diz Paul Singer. “Por isso, é importante haver um regulador desses bancos. Se não for o Banco Central, algum outro órgão.” No Congresso, há um projeto para instituir mecanismos de controle para bancos comunitários. O deputado Eudes Xavier (PT-CE), relator do projeto, acredita que a discussão levará mais um ano para chegar ao plenário.

Nem todas as experiências de moedas alternativas são bem-sucedidas. Em Alcântara, no Maranhão, o Banco Quilombola e suas notas de guará foram criados em 2007, mas hoje as cédulas são quase raridade. Estima-se que metade foi comprada como souvenir por turistas. Alguns chegavam a pagar R$ 5 por uma nota de 50 centavos. A circulação do dinheiro alternativo foi quase extinta. Em abril, o banco sofrerá intervenção. Tudo para que não vire um Lehman Brothers quilombola.

Fonte: Revista Época

Economia Solidária cresce no país


Tássia Navarro

De acordo com o mapeamento realizado pelo Sistema Nacional de Informações em Economia Solidária (SIES) do Ministério do Trabalho e Emprego, o número de Empreendimentos Econômicos Solidários (EES) no Brasil vem aumentando. De 2003 a 2007 foram criados quase oito mil EES no país. Na década de 1990, durante esse mesmo período de quatro anos, o número era de 3.420.

Empreendimento Econômico Solidário é uma forma de produzir e vender artefatos em grupo. As "sobras", como é chamado o lucro nesse tipo de empreendimento, são divididas entre todos os membros da associação, cooperativa, empresa autogestionária, grupo de produção ou clube de troca de forma igual. Um dos propósitos desse tipo de empreendimento é a preservação do meio ambiente. O material ultilizado na confecção de alguns produtos é reciclável e doado pela população.

Um fator que chama a atenção no mapeamento é o aumento no número de empreendimentos formados exclusivamente por mulheres. De 383 existentes no Distrito Federal, são 134, ou 35%. Ainda existem os constituídos apenas por homens e por ambos os sexos, que são 35 e 214 respectivamente. Os índices do SIES mostram, ainda, que a maior concentração de Empreendimentos Econômicos Solidários do DF está em Ceilândia, com 65. Em segundo lugar está o Paranoá, com 64. Com menor número estão Cruzeiro, com apenas um EES, e Núcleo Bandeirante, com dois.

Um exemplo de Empreendimento Econômico Solidário é a Solidart, associação que produz confecções de bordados, croché, pintura, panos de prato, decupagem, bijuterias e artesanato em geral. São 16 mulheres entre 30 e 60 anos, que se reuniam na residência da presidente da associação, Marly Mello Pereira, e agora ocupam uma loja no Top Mall, em Taguatinga Norte, onde expõem seus trabalhos.

Elas começaram a trabalhar juntas e queriam ganhar dinheiro com seus trabalhos. Em uma visita à Administração de Taguatinga, a agente de desenvolvimento do Projeto Brasil Local, Patrícia Ferreira, explicou como funciona o projeto. As senhoras se interessaram e agora, com a ajuda de Patrícia, estão agindo para conseguir a CNPJ. O Brasil Local é um projeto do Governo Federal que apoia o desenvolvimento local sustentável por meio do fomento à organização de empreendimentos coletivos gerados pelos próprios trabalhadores. É coordenado pela Secretaria Nacional de Economia Solidária (SENAES) do Ministério do Trabalho e Emprego.

Uma das associadas, Socorro Feijó de Oliveira, conta que desde pequena sempre gostou de pintar e aprendeu sozinha. Depois que casou, teve seus filhos e passou por vários problemas de saúde, não pôde mais se dedicar à pintura. Quando pôde voltar a pintar, foi chamada por Marly para integrar a associação e obteve uma grande melhora, tanto em sua saúde como em sua auto-estima. No ano passado, ela perdeu parte de dois dedos da mão direita em um acidente em sua máquina de lavar roupas e ficou quase um ano sem pintar. Mas agora, mesmo com pequenas dificuldades, continua fazendo seus trabalhos de pintura em panos de prato, tapetes e até telhas. "Foi uma grande melhora na minha vida. O artesanato é uma terapia, tenho vontade de passar para pessoas que sofrem de depressão ou outros problemas."

As 16 mulheres se reúnem quinzenalmente com a agente Patrícia para organizar o empreendimento. Elas participam de exposições e fazem cursos que aprimoram seus conhecimentos e trabalhos. Com a formação da associação, estão vendendo seus trabalhos para conseguir juntar o dinheiro necessário para se legalizar.
A Economia Solidária move hoje, por mês, R$ 653 milhões, quase R$ 8 bilhões por ano. Segundo a chefe de divisão de promoção da SENAES, Aline Bezerra, "Economia Solidária é um jeito diferente de produzir, vender, consumir, tudo sendo feito sem prejudicar o meio ambiente e cooperando como iguais, com a crise, a economia solidária pode vir a se tornar um meio de dar emprego a quem precisa".

Fonte: Na Prática - Jornal Laboratório do IESB
http://www.iesb.br/ModuloOnline/NaPratica/?fuseaction=fbx.Materia&CodMateria=4357

Envolverde - Rede BB de bancos comunitários é ampliada para a Amazônia


Projeto de economia solidária inclui trabalho coletivo e autogestão.

Seguindo a linha de levar soluções de conveniência bancária, crédito produtivo orientado e desenvolvimento local sustentável, o Banco do Brasil, em parceria com o Instituto Palmas de Desenvolvimento, a Fundação Banco do Brasil e o Ministério do Trabalho e Emprego/Secretaria Nacional de Economia Solidária – SENAES, instala mais um banco comunitário, agora na região amazônica.

O norte do país, mais precisamente o estado do Pará, vai passar a fazer parte da rede brasileira de bancos comunitários, um projeto de economia solidária baseado no trabalho coletivo, na cooperação e na autogestão. Assim, o empreendimento busca o benefício social e o cuidado com o meio ambiente, fortalecendo a economia local por meio da geração de emprego e renda.

Nesta parceria, cabe ao Banco do Brasil, por intermédio do Banco Popular do Brasil, disponibilizar tecnologia, equipamentos, recursos financeiros para linha de microcrédito produtivo orientado e produtos e serviços de microfinanças – tais como, conta corrente simplificada e seguro de vida popular –, pagamento de aposentados do INSS, pagamentos e recebimentos e outros serviços de conveniência bancária. O Tupinambá, nome escolhido para o banco comunitário, será instalado na Ilha do Mosqueiro, distante 70km de Belém. Além das funções bancárias, será disponibilizada a moeda social Moqueio para estimular o comércio local e aumentar a riqueza circulante na comunidade. Moqueio é a denominação dada ao processo de conservação de alimentos aprendido com os índios. Grande parte dos estabelecimentos comerciais da Ilha já está credenciada para receber a moeda social.

Mosqueiro, além de possuir belas praias para veraneio, é também berço de comunidades carentes de pescadores e artesãos. A associação de mulheres pescadoras e as associações de artesãos decidiram se unir e criar o Tupinambá de acordo com a metodologia aplicada pelo Instituto Palmas, em parceria com a Fundação Banco do Brasil e a SENAES.

Agora são 29 bancos comunitários atuando com o Banco do Brasil, sendo que o primeiro foi o Banco Palmas, em Fortaleza (CE). O Instituto Palmas é o criador da tecnologia social dos bancos comunitários e, atualmente, coordena a Rede Brasileira de Bancos Comunitários.

Essa possibilidade de realizar diversos serviços bancários, em um local conveniente e próximo das residências dos usuários, demonstra cada vez mais o empenho do BB em ser um banco alinhado com as necessidades dos brasileiros de todas as camadas sociais.

Guia para uma feira de trocas solidárias

*Por Carlos Henrique de Castro

MTS : MERCADO DE TROCAS SOLIDÁRIAS

1. O QUE É O MERCADO DE TROCAS SOLIDÁRIAS EM UMA FEIRA DE ECONOMIA SOLIDÁRIA?

É um espaço onde as pessoas trocam entre elas produtos, serviços e saberes sem o uso de dinheiro, de uma forma solidária, que promove a cooperação em vez da competição, própria do “outro” mercado, respeitando normas éticas e ecológicas ao produzir e consumir. Nesta publicação, nos referiremos indistintamente a Feira ou Mercado de Trocas Solidárias.

Seu objetivo principal em uma Feira de Economia Solidária é de caráter pedagógico, mas também cultural e político, ou seja, o MTS propõe a todos participantes do evento vivenciar uma nova maneira de fazer circular a riqueza, com a lógica das trocas solidárias, onde os resultados podem ser alcançados sem a utilização de dinheiro.

Nas experiências realizadas até agora, viu-se que muitas pessoas que passam pelo espaço de trocas acabam se interessando por alguns produtos, porém como não têm moeda social, não poderiam adquiri-los nem conhecer o mecanismo da feira de trocas. Por isso, elas são encaminhadas a empreendimentos da Feira Solidária, onde compram produtos com moeda oficial, que levam ao Ecobanco para trocar por moeda social e participar das trocas solidárias. Como resultados dessas práticas, mais pessoas participam e mais empreendimentos solidários aumentam suas vendas e conhecem as trocas com moeda social como possibilidade da Economia Solidária.

2. O QUE É ECOBANCO?

Ecobanco é o mecanismo responsável pela emissão, controle, distribuição e retirada da moeda social de circulação em um espaço de Trocas Solidárias num evento de curta duração. Tem por finalidade colocar a moeda social em circulação, basicamente através da troca de moeda social por produtos que formarão o lastro do Ecobanco. Tendo em conta a finalidade educativa do processo, costuma-se adotar a equivalencia de uma moeda social por cada moeda oficial. Ou seja, para cada 1 R$ (um real) ingressado em produto no Ecobanco, uma moeda social entrará em circulação. Ao final do evento, o Ecobanco realiza a operação inversa, informando antecipadamente a todos os participantes do evento o dia e horário em que serão colocados os produtos a disposição de quem ainda tiver moedas sociais em seu poder.

3. QUAL É A FUNÇÃO DA MOEDA SOCIAL?

A função da moeda social em um espaço de trocas solidárias é facilitar as trocas de produtos, serviços e saberes. Ela funciona como se fosse um “vale”, que só poderá ser utilizada durante um período determinado, acordado entre os organizadores do evento.

4. O QUE É O LASTRO DO ECOBANCO?

O lastro do Ecobanco é a garantia que os organizadores do evento dão as moedas sociais que são colocadas em circulação. Para que isto aconteça, são adquiridos dos participantes certa quantidade de produtos que podem ser negociados até o último dia do evento. Outra formar de construir o lastro é o recebimento de doações de produtos de alta aceitação, cestas básicas ou a troca de Cartilhas pedagógicas. Para desfazer o lastro, a organização informa o dia e horário que os produtos serão negociados com os participantes, geralmente durante as ultimas horas do evento.

5. COMO PARTICIPAR DE UM ESPAÇO DE TROCAS SOLIDÁRIAS?

Todas as pessoas que participam do evento, inclusive os empreendedores solidários, que trouxerem produtos em boas condições de uso, oferecerem serviços e saberes, além de preencherem o cadastro terão direito de participar. Por seu caráter politico, o único impedimento nesse espaço é a negociação de produtos, serviços e saberes por dinheiro.
Os produtos, serviços e saberes oferecidos durante o espaço de Trocas Solidárias são de absoluta responsabilidade dos que oferecem, assumindo qualquer problema por eles causados. É aconselhável que produtos de valor superior a R$ 200,00 sejam cadastrados com nome, endereço e documento de identidade, evitando o risco de comercialização de produtos roubados ou de origem duvidosa.

6. FORMAS DE NEGOCIAÇÃO POSSÍVEIS:

Trocas diretas:
Você pode oferecer seu produto, serviço ou saber em forma direta, ou seja, ao identificar algo que necessite, tentar uma trocar por aquilo que esta oferecendo, desde que ambas as partes concordem com a troca.

Trocas indiretas:
Você pode utilizar moeda social nas trocas de produtos, serviços e saberes.

7. ETAPAS DE PREPARAÇÃO ACONSELHADAS:
PRIMEIRA ETAPA - ANTES DA FEIRA

* Formar uma comissão de no mínimo 10 pessoas.
* Fazer a distribuição das tarefas:
3 pessoas no Eco Banco
4 pessoas na recepção junto a feira de trocas (pode ser 3 para aumentar uma pessoa para conversar com expositores)
1 pessoa no classificados de ofertas e necessidades
1 pessoa na comunicação utilizando os veículos de comunicação do evento
1 pessoa para conversar com os expositores, empreendimentos solidários, convencendo a oferecer seus produtos no espaço de trocas.

Operatoria:
É importante que haja flexibilidade, podendo ficar duas aqui ou mais, em certos momentos, e diminuir uma na recepção. Das três pessoas do Ecobanco, é importante que pelo menos uma pessoa tenha praticado o uso da moeda social, da formação de lastro, distribuição da moeda social, além de ter participado de feiras de trocas, de ser conhecido pela comunidade e responsável em todas atividades anteriores já realizadas. Esta garantia é necessária porque não se pode errar no funcionamento do Ecobanco: o risco pode comprometer as possibilidades futuras de projetos e ações que se pretendam realizar na Economia Solidária.

É importante que essas 10 pessoas participem de todas as etapas do processo:

a – Deve-se fazer uma primeira reunião, com objetivo das pessoas se conhecerem e trocarem impressões sobre o que pretendem realizar, buscando fortalecer a amizade e confiança entre os organizadores do espaço de Feira de Trocas.

b- Em caso de existir, é aconselhável apresentar à Feira de Economia Solidária Estadual um projeto com as necessidades básicas para o funcionamento do espaço de feira de trocas, além de acompanhar todas reuniões do Fórum Estadual na preparação da Feira Estadual.
c- Necessidades básicas:

* Local adequado para o funcionamento do Ecobanco e da Feira de Trocas Solidárias ou Mercado de Trocas Solidárias;
* 1 Box para o Eco Banco;
* 1 mesa com gaveta e chaves de segurança para o Ecobanco;
* 3 cadeiras;
* 1 Balcão para atender os participantes da Feira de Trocas;
* 10 mesas para Feira de Trocas;
* 20 cadeiras para a Feira de Trocas;
* 3 cadernos para controle do lastro, controle de emissão das moedas sociais e livro de visitas;
* 5 canetas esferograficas;
* 5 pincéis atômicos;
* 2 rolos de fita adesiva não transparente (para anotar os valores dos produtos adquiridos no lastro);
* 1.000 folhas de Sulfite, para o classificado de ofertas e necessidades;
* 1 banner - Ecobanco - Banco da casa da moeda social;
* 1 faixa - FEIRA DE TROCAS SOLIDÁRIAS - SEJA BEM VINDO;
* 100 Cestas Básicas para segurança do lastro e para pagamentos em moeda social dos colaboradores da Feira de Trocas Solidárias;
* 1.000 folhas de questionário de avaliação do Espaço de Feira de Trocas Solidárias ou Mercado de Trocas Solidárias;
* Cartilhas como organizar um espaço de Feira de Trocas ou Mercado de Trocas Solidárias;
* Panfletos de divulgação sobre como participar da Feira de Trocas Solidárias ou Mercado de Trocas Solidárias. Neles pode solicitar-se que venham com alimentos não pereciveis para participar do evento;
* Un mínimo de 10.000 cédulas de modelos diferentes e com numeração de serie:
MS $ 0,50 - 1.000 cédulas de numeração de serie de 0001 a 1000.
MS $ 1,00 - 5.000 cédulas de numeração de serie de 0001 a 5000.
MS $ 2,00 - 2.000 cédulas de numeração de serie de 0001 a 2000.
MS $ 5,00 - 2.000 cédulas de numeração de serie de 0001 a 2000.

DIVULGAÇÃO DO ESPAÇO DE FEIRA TROCAS SOLIDÁRIAS OU MERCADO DE TROCAS SOLIDÁRIAS.

No caso de existir, a equipe de comunicação da Feira Estadual de Economia Solidaria deverá colocar em todos os materiais de divulgação, que nele vai acontecer uma Feira de Trocas Solidárias ou Mercado de Trocas Solidárias em local definido.

SEGUNDA ETAPA - DURANTE A FEIRA

Toda a Comissão Organizadora deverá estar no local do funcionamento do espaço de Feira de Trocas ou Mercado das Trocas Solidárias para iniciar as atividades.

* Deverá verificar se as moedas sociais estão em ordem, registrar a entrada das moedas sociais no livro de controle.

* Deverá distribuir as atividades entre os membros da comissão e iniciar o espaço de Feira de Trocas Solidárias ou Mercado de Trocas Solidárias.

TERCEIRA ETAPA - FINAL DO EVENTO

A Comissão Organizadora deverá entregar a todos os participantes da Feira um questionário com perguntas avaliando o funcionamento em todos seus aspectos.

Todos os membros da Comissão deverão colaborar no processo de desarme do lastro, sendo aconselhavel a descentralização do lastro em até 4 postos do espaço da Feira de Trocas Solidárias, evitando a concentração de muitas pessoas em um único local. Caso aconteça de muitas pessoas terem acumulado moedas sociais e queiram troca-las ao mesmo tempo, pode-se adotar uma pratica que tem dado resultado: formam-se 4 filas e cada pessoa tem opção de trocar de no máximo 10 moedas sociais. Se ainda tiver moedas, voltara à fola e trocara novamente, até completar o total.

ALGUMAS PREOCUPAÇÕES QUE DEVEM SER PENSADAS ANTES DO EVENTO:

1 - Dos organizadores do espaço da Feira de Trocas: Deverão procurar fazer uma experiência piloto de funcionamento do espaço de Feira de Trocas Solidárias ou Mercado de Trocas Solidárias, com objetivo de identificar possíveis falhas e corrigi-las a tempo;

2 - Dos produtos adquiridos na formação do lastro: É importante uma avaliação correta e solidária dos produtos, para que no momento de resgatar as moedas sociais não fiquem produtos indesejaveis por sua insuficiente qualidade ou valor fora do mercado solidário;

3 - Caso não se consiga um lastro suficiente para resgatar todas moedas sociais colocadas em circulação, em principio, não deve ser permitido o pagamento dos serviços prestados pelos colaboradores com moedas sociais, se não foram previamente negociados. São considerados serviços prestados à Feira de Trocas Solidárias:
* Pagamento de horas de trabalho na Feira;
* Compra de alimentos, sucos ou água para os colaboradores durante o horario da Feira;
* Toda e qualquer saída necessária ao bom funcionamento da Feira, que não seja a compra de produtos para o lastro;

4 - É muito importante prestar especial atenção aos empreendimentos de alimentação:
* Estes empreendedores devem negociar apenas uma parte de suas produções;
* Deve ficar bem claro que as moedas sociais adquiridas serão gastas somente entre os empreendedores que a aceitarem voluntariamente;
* Deve-se esclarecer especialmente a esses empreendedores as condições da Feira ou Mercado de Trocas Solidárias, para evitar que acumulem moedas sociais, porque possivelmente, não seram trocadas por produtos de sua preferência ou necessidade, devido a pequena diversidade que o Mercado de Trocas Solidárias venha ter ao final do evento.

*Carlos Henrique é Representante de clube de trocas em São Paulo.
Fonte: brasilocal.org.br